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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Risco de vida ou risco de morte?


O leitor José Mathias levanta uma questão que já provocou polêmica entre os estudiosos da língua portuguesa. A considerar a lógica, só se pode correr o risco de perder a vida, ou seja, de morrer. Os riscos ou perigos a que nos expomos são, obrigatoriamente, situações negativas. Até aí, ninguém discute. O que vem pela frente é a divisão entre aqueles que acreditam estar “implícita” a idéia de “perder” na expressão “risco de vida” e aqueles que preferem substituí-la de uma vez por “risco de morte”.
Quem bem observa os textos da imprensa vê as duas expressões em disputa pelo mesmo espaço. Tudo indica que a expressão “risco de vida” tenha surgido do cruzamento com a construção “arriscar a vida”. É flagrante a semelhança formal entre ambas. 
É preciso, todavia, observar que o verbo “arriscar” pede como complemento “aquilo que a pessoa arrisca”. Ora, há quem arrisque muito dinheiro no jogo, há quem arrisque a própria vida na prática de um esporte radical. O que importa assinalar é que só podemos arriscar aquilo que nos pertence, por isso “arriscamos a vida” (não a morte!). Ao arriscá-la, podemos perdê-la. Donde as construções não serem passíveis de uma analogia direta do tipo “arriscar X” = “risco de X”. Muito pelo contrário. Arriscamos a vida; corremos o risco de perdê-la, ou seja, de morrer.
Há os que argumentam, porém, estar a expressão “risco de vida” já devidamente instalada no repertório semântico da língua, largamente disseminada, o que, por si só, justifica que a deixemos em paz, longe das elucubrações gramaticais. Quanto a isso, lá é verdade. Nem tudo na língua é lógico – e talvez nisso resida boa parte da riqueza do nosso idioma, em última instância um reflexo de nossa maneira de recortar a realidade. 
Risco de vida ou risco de morte? Ambas as construções são defensáveis – por caminhos diferentes, mas o são. 

Fonte: gazetaweb

Um comentário:

  1. 27/04/2012 02:39 - eduardo de sbc [não autenticado]
    Quando enviei este assunto a redação da tv jornalística, não imaginava a polêmica que causaria. Questionava somente se o termo de Vida ou Morte traria como expressão mais coloquial, de entendimento popular. Até filosofei um pouco, pois meu português é muito sofrível. E não é que o negócio pegou ! Hoje, afirmam que o inventor do assunto, foi um tal de professor, consultor famoso da tv, mas não muito inteligente, que ouviu o galo cantar, mas não sabe onde, e por não ter o que fazer. Pois bem, agradeço a oportunidade de esclarecer os curiosos. O "Risco" existe, é claro, seja com elipse, pleonasmo ou outra forma indireta da gramática, que o pieguismo literário agora tenta explicar, da "Morte ou da Vida". Na compreensão popular telejornalística, forma direta, é o da MORTE. Na formal, indireta, com muitas explicações de colocação gramatical, interpretação de texto, e mais alguns acréscimos, é o de VIVER e MORRER igualmente. Para vestibulandos NRA. E o galinhaço cantador, que os críticos citaram, sofre o "RISCO" de que? Esta é fácil, de virar canja de panela, de preferência "MORTO" que é mais natural, afinal somos bastante civilizados para não devora-lo VIVO.

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